Na tarde do último sábado, 9 de novembro, o auditório do CAC foi palco de um encontro memorável promovido pelo grupo Conversas Psicanalíticas do Núcleo de Psicanálise do Norte do Paraná. Com a presença da diretora geral e fundadora da EPPM, Juana Ester Kogan, o evento abordou a importância dos encontros e dos vínculos ao longo da vida, questionando se somos realmente determinados apenas pela primeira infância.
O ponto alto da programação foi a exibição do filme “A Elegância do Ouriço”uma obra tocante que narra a vida de Paloma, uma menina de 11 anos que decide tirar a própria vida ao completar 12 anos. No entanto, sua perspectiva muda ao encontrar pessoas que a fazem reavaliar seu modo de ver o mundo, oferecendo-lhe um novo sentido e compreensão sobre a vida e os vínculos que transformam.
Após a exibição, Kogan conduziu uma reflexão aprofundada sobre as observações que o filme evoca. Em sua fala, ela destacou a potência dos vínculos humanos, que têm o poder de nos transformar ao longo do tempo, reforçando a importância de uma escuta atenta nos lugares de pertencimento.
Explorou também a visão binocular que a psicanálise oferece para entender as relações e os processos internos, salientando a importância de nos sentirmos ouvidos e pertencentes em nossos universos, famílias e grupos sociais para uma saúde mental mais saudável.
Aberta a discussão ao público - a conversa reuniu outros profissionais da área, leigos e também entusiastas da psicanálise que enriqueceram o debate sobre os vínculos que moldam e sustentam a vida humana. Os participantes trouxeram à tona reflexões profundas sobre temas cotidianos no ambiente clínico, ampliando o entendimento sobre a importância dos relacionamentos e dos encontros.
Foi uma tarde de trocas ricas e valiosas, onde os apaixonados pela psicanálise puderam compartilhar experiências, conhecimentos e perspectivas. Encontros como este são essenciais para fortalecer os laços entre os profissionais e promover uma reflexão contínua sobre temas que impactam diretamente a prática clínica.
As sutis apresentações do sofrimento psíquico que podem levar a pensamentos ou ato suicida, prevenção e saúde mental - neste último dia 26 de setembro, foram temas tratados pela coordenadora do curso “Introdução à Teoria e Prática de Wilfred Bion” da EPPM, Carina Ceron Benettão - que participou de uma conversa com Edson Valério na rádio RDR 95,3 FM.
Durante a entrevista, temas fundamentais sobre saúde mental, prevenção e suicídio foram explanados aos maringaenses e a professora e psicoterapeuta destacou que dor emocional não tem uma medida exata, pois cada indivíduo sente e processa o sofrimento de maneira única. O que pode parecer pequeno para uma pessoa talvez se torne imenso para outra, e é fundamental respeitar e compreender essas diferenças - que são nuances do sofrimento psíquico. Sendo assim, é de extrema importância saber reconhecer sinais sutis de alguém que pode estar enfrentando dificuldades emocionais.
Carina enfatizou que sinais de sofrimento podem se manifestar por meio de mudanças de comportamento como isolamento repentino, alterações no apetite, falta de interesse em atividades, aumento de irritabilidade, ausência da capacidade de conter emoções ou tristeza.
Com o objetivo de conscientizar os ouvintes sobre a importância de se manter alerta aos sintomas das pessoas ao nosso redor, além da manutenção do próprio bem-estar mental sem que sejam assuntos “tabus” - o locutor Edson Valério ressaltou a responsabilidade da mídia em contribuir para a disseminação de informações corretas e de qualidade sobre esses temas, destacando que a saúde mental é tão importante quanto qualquer outra questão de saúde pública.
Não apenas profissionais da saúde, mas também empresas e colegas de trabalho podem desempenhar um papel crucial na observação de mudanças comportamentais que podem expressar sofrimento psíquico.
Adotar uma postura proativa, oferecendo suporte emocional e espaços de escuta para seus colaboradores, ajudando a construir uma rede de cuidado mais ampla e com múltiplos profissionais da área da saude, é preciso - além de se oferecer um ambiente acolhedor, onde as pessoas sintam-se seguras para falar sobre suas dificuldades e sejam ouvidas de forma atenciosa.
São passos que parecem minúsculos mas importantes e que podem salvar vidas de pessoas em profundo desespero e desesperança. Enquanto sociedade, temos a responsabilidade de estar atentos aos sinais do outro, sendo empáticos e disponíveis para escutar, criando uma rede de apoio que pode mudar destinos que seriam tristes - em vontade de reviver e de se transformar. E isso é assunto para todos os dias.
A psicanalista Camila Mangolim discute a importância da conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio durante o Setembro Amarelo no programa Tarde na Band - enfatizando a necessidade de empatia e diálogo aberto para abordar o sofrimento silencioso que muitos experimentam.
Destaca o papel das campanhas e instituições na promoção da saúde mental e aconselha sobre o reconhecimento dos sinais de angústia, além da busca por ajuda profissional.
A conversa ressalta a importância de ouvir e apoiar aqueles que precisam, também aborda a importância de utilizar recursos como a linha de apoio do CVV, 188, para a prevenção ao suicídio.
A psicanalista Camila Mangolim, destaca a importância da campanha do Setembro Amarelo, a data mundial de prevenção ao suicídio e o cuidado durante todo o ano.
Mestre em psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), professora e coordenadora do Núcleo de Infância e Adolescência da Escola de Psicoterapia Psicanalítica de Maringá – EPPM, conversou com a reportagem do O Maringá em entrevista exclusiva.
Acompanhe detalhes sobre o tema, saiba como ajudar e buscar ajuda.
“Segure-os antes que caiam” - neste último dia 27 de agosto, Juana Ester Kogan foi palestrante para os alunos da UniFatecie sobre o sofrimento psíquico e o papel do psicanalista na clínica hoje.
No Dia do Psicólogo, a psicanalista discorreu sobre a importância da psicoterapia psicanalítica, especialmente em um mundo onde o sofrimento psíquico é muitas vezes mal compreendido.
Mostrou em sua fala como a dor emocional pode ser devastadora, mas também uma oportunidade de transformação (e nesse processo) qual é o papel crucial que o psicoterapeuta desempenha em oferecer um espaço seguro e acolhedor de reconstrução para o paciente.
Em um exemplo fictício, convocou os convidados a refletirem sobre o caso de João - um homem que enfrentava traumas passados e crises atuais (apontando de que modo a infância pode impactar a vida adulta e a importância de encontrar suporte para superar esses desafios).
Mostrou como em uma sociedade do barulho e da eficiência (que muitas vezes foge do sofrimento a qualquer custo, gerando distrações ou consumismo, por exemplo) - toda fuga pode agravar ainda mais o sofrimento, pois ignora a necessidade de enfrentar e entender as emoções dolorosas.
Concluiu então que psicoterapia psicanalítica oferece hoje - um caminho onde o paciente pode explorar e transformar suas experiências de maneira significativa… Ressignificando a vida e as emoções sentidas, e que o psicoterapeuta atual precisa de uma empatia educada para compreender e acompanhar as experiências do paciente, e poder reconhecer as formas ( por vezes encobertas) nas quais a dor se revela - a fim de encontrarem juntos um modo construtivo de transformar a interação terapêutica em caminho de autoconhecimento e reconstrução.